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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CONTOS DA VIDA REAL (PROJETO ESCOLAR)

PROJETO

Meu livro de pequenas histórias


TEMA:

Pequenas historias da vida real.


PROJETO:

Meu livro de pequenas histórias

TEMA:

Pequena historia da vida real.

DISCIPLINA:

Língua Portuguesa, Educação Artística e Educação Religiosa.

PARTICIPANTE:

Aluno das 8ª serie.

JUSTIFICATIVA:

Despertar no educando a pratica da leitura tem sido um desafio para educadores de todas as séries, do fundamental ao médio, em todos os municípios do nosso pais. Portanto a formação do homem se dar com sua capacidade de raciocinar e por em pratica sua idéias, para o crescimento de si e da comunidade em que vive. Esse crescimento se da quando é dada ao individual a oportunidade de mostrar através de incentivos suas habilidades manuais, de pensar e de incentivar o habito de uma boa leitura para o crescimento do espírito.

Reconhecemos a leitura como ponto de partida na formação de estudantes e / ou profissionais, uma vez que através da leitura que indivíduos têm acesso aos conhecimentos científicos, tecnológicos; que podem conhecer hábitos, costumes ou historias de povos distantes no tempo ou no espaço. Reconhecemos ainda que a leitura é fonte, não só de conhecimento, mas também de prazer.

Na busca pelo prazer encontrado na leitura e, na árdua luta em transmitir esse prazer aos nossos alunos temos desenvolvido diversas atividades e projetos individuais (na turma) e coletivos (com todos os alunos). Reconhecendo que “ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. E a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado relacioná-la a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entrega-se a esta leitura, ou rebelar-se contra elas, propondo outra não prevista”, e na tentativa de encontrar e ensinar aos nossos alunos essa “leitura” que proponho o “projeto MEU LIVRO DE PEQUENAS HISTÓRIAS.

OBJETIVO GERAL:

Estimular o autoconhecimento, desenvolver a criatividade e o pensamento e incentivar a leitura.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Compreender o sentido das mensagens escritas, desenvolvendo, sensibilidade para reconhecer a intencionalidade implícita e conteúdos discriminatórios ou persuasivos.

  • Conhecer diversos tipos de textos, sendo capaz de produzir ou reproduzir o que foi lido.

  • Reconhecer sentimentos, experiências e idéias expressos nos textos.

  • Utilizar as linguagens escritas com eficácia, adequando-a as intenções e situações comunicativas.

METODOLOGIA:

Leitura de contos da vida real, coleta e escrita de material, confecções dos livros e digitação e exposição dos livros.

CRONOGRAMA:

Maio junho julho: pesquisa, coleta de material, começo da digitação.

Agosto setembro: digitação, encadernação e entregam.

AVALIAÇÃO:

Trabalho para nota do terceiro bimestre no que vale os 60 pts sendo uma das notas de complemento do bimestre.

A seguir os contos: O primeiro conto da vida real leia e dei sua opinião.



A CADEIRA VAZIA

O dia estava insuportavelmente quente naquele fim de dezembro, não permitindo sequer um ventinho para amenizar a sala de trabalho. O expediente quase no fim proporcionava a Artur, absorto em pensamentos que oscilavam entre a família e o trabalho, um momento de calma para folhear uma lista de preços.

Casado há dois anos, Artur levava uma vida tranqüila junto da esposa Maria Flávia e da filha, que já se impunha como a alegria da casa. A posição de sócio-gerente da empresa, herdada do pai, dava-lhe uma situação econômica estável e bem remunerada, de modo a afastar qualquer preocupação de ordem financeira.

Também o diploma de admirador, conquistado com grande esforço, garantia-lhe certa segurança. E, para completar sua felicidade, a casa própria estava quase pronta, bonita e confortável, no bairro residencial das Paineiras. Árvores e flores bem tratadas rodeavam na, trazendo encanto e poesia àquelas manhãs de verão, quando saía para o trabalho. Esses pensamentos faziam o jovem empresário dar graças a Deus por tamanho sucesso seguido ainda na mocidade, pois apenas completara os seus 30 anos.

Uma chamada ao telefone interrompeu a tranqüilidade de Artur, trazendo-o de volta à realidade.

- Dr. Artur, querem falar -lhe com urgência avisou a secretária.

-Quem é?

-Clínica... Clínica não sei o quê, não entendi.

Artur levou o fone ao ouvido e empalideceu.

-Minha esposa? A senhora tem certeza? Sim, sim. Maria Flávia de Albuquerque...

-Mas ela estava boa... Algum desastre?

-Não senhor limitou-se a dizer a voz tenebrosa do outro lado. É melhor o senhor vir logo; ela reclama sua presença e só está nos causando problemas...

Com as mãos trêmulas, ele anotou o endereço e saiu correndo para o pátio de estacionamento. Manobrou com rapidez o automóvel e, em poucos minutos, encontrava-se num bairro pobre da cidade, à procura da clínica mencionada. Parou diante de uma velha casa.

-É aqui...

Entrou cauteloso, temendo alguma cilada.

-Será isto uma clínica mesmo?

Na primeira sala, deparou com duas moças sentadas em velhos sofás, com um olhar triste, como quem aguarda sentença de morte. Artur percebeu seu nervosismo, pois torciam as mãos, e uma delas tinha até lágrimas nos olhos.

-Minha esposa! Onde está Maria Flávia? Perguntou-lhes.

As duas entreolharam-se indiferentes e nada responderam, como se a sua dor e problemas fossem muito mais importante do que a preocupação daquele desconhecido. Um choro convulsivo vinha de dentro da casa.

-E ela! Que fizeram com minha mulher?

Artur correu desesperado por um corredor escuro e deparou com um homem e uma mulher visivelmente irritados. Vestiam aventais brancos encardidos.

- E o senhor o marido desta mulher? Melhor, então, que a leve, antes que nos dê mais trabalhos! Ali - disse o homem gordo e mal-barbeado, indicando uma saída.

Maria Flávia chorava copiosamente em uma sala, sentada num divã de couro. Notava-se que tomara algum tipo de anestesia ou entorpecente, pois parecia atordoada e falava coisas desconexas. Quando sentiu a presença do marido, agarrou-se a ele, implorando:

-Leve-me daqui, por favor! Perdão, meu bem... Eles são uns brutos... Brutos. Iam me mata... Senti que iam me mata!

Artur, confuso não sabia se carregava a esposa desesperada, ou se interpelava primeiro aquela gente.

-Alguém pode explicar-me o que se passa aqui? –disse Artur, encolerizado.

O homem de avental volto-se e procurou acalmá-lo.

-E melhor o senhor levar a sua mulher. Não aconteceu nada. Isto é só nervosismo. Depois de um bom repouso, sua esposa lhe contará, certamente, o que aconteceu. Poderá explica-lhe melhor do que nós o que a trouxe aqui.

-Quem é o senhor?

-Dr. Altamiro - interveio a mulher de avental branco. Eu sou a enfermeira. O senhor não esta vendo que isto aqui e uma clínica?

- Sua esposa veio por conta própria - continuou o gorducho. Depois arrependeu-se. Não conseguimos realizar nosso trabalho, como já disse. Agora vão, por favor, pois já perdemos muito tempo; temos clientes esperando.

Só então Artur começou a compreender a situação e achou melhor retirar – se. Carregou a esposa até o carro e deu a partida. Maria Flávia estava, ainda, sonolenta e adormeceu. Embora estivesse ansioso por saber a verdade, achou melhor não despertá-la. Em todo o trajeto, porém, sofria com amargas reflexões e hipóteses do porquê de tudo aquilo.

-Por que, meu Deus! Por que Maria Flávia procurou aquela gente suspeita? Não, não é uma clínica regular. Dever ser clandestina, criminosa talvez. Quem a teria recomendado? Minha esposa e tão inteligente! O que terá planejado?

O jovem empresário dirigia aparentemente calmo, mas com o pensamento e cento e cinqüenta por hora.

-Minha Flá querida, o que passou com você? Éramos tão felizes... E a pequena Gislana? O que faríamos sem você? Meu Deus, como a vida da gente pode complicar-se de um momento para o outro! Amanhã, lembramos nosso segundo aniversário de casamento! Que tragédia poria nos acontecer...

-Maria Flávia não estava de todo inconsciente, mas temia despertar e ter de explicar tudo.

Ao esposo, tão bom e dedicado. Durante o trajeto para casa, perdia os sentidos e acordava a cada momento quando dormia vinha-lhe o pesadelo das cenas vividas naquele dia: pela manhã, fora ao supermercado fazer compras; na parte da tarde , preparou-se e saiu, tomando um táxi na Praça da Matriz.

Precisava resolver tudo antes de Artur voltar do escritório. Chegando àquela casa sombria, ficou amedrontada e quis desistir. No entanto, renovou as forças e entrou rapidamente, sentando-se entre duas outras tresloucadas jovens solteiras, estudantes. Lembrava que aquelas meninas queriam como ela, se livrarem de um pesadelo, caindo em outro. Realmente foi isso que aconteceu.

Entre momentos de lucidez e inconsciência, Maria Flávia tentava perceber o que poderia ter levado aquelas jovens ali. Não era pelos mesmos motivos que os seus... Com certeza, o medo, a dúvida, a vergonha dos pais, dois irmãos, da sociedade, a perspectiva de serem mães solteiras, fizeram com que buscassem aquele lugar. Por isso estavam ali, nas garras de pessoas inescrupulosas, que agiam só por dinheiro . Talvez aquele homem nem fosse médico, e aquela casa, uma falsa clínica para explora mulheres de tal situação.

Sentindo os prédios girando á sua volta e o carro parecendo voar, ela se lembrou dos conselhos tão ponderados da tia Valéria, a única a quem confiara o seu segredo:

-Não faça isso, minha filha. Você ficará arrependida pelo resto de sua vida!

Vocês são jovens ainda e podem muito bem criar dois filhos. Recursos não faltam. Por que essa loucura? Você terá um drama de consciência, que não esquecerá tão cedo. Um dia, sentirá a falta do filho sacrificado, do filho que jamais voltará. Pense bem! Você terá para sempre, em casa uma cadeira vazia. É horrível sentar-se à mesa e nota que falta alguém: o filho sem futuro!

Contudo, insistiu na idéia. Faria tudo em segredo. Artur jamais saberia. Ninguém saberia. Pobre cabecinha ingênua! Como esconder um ato tão comprometedor?

Em dado momento, Maria Flávia sentiu-se lúcida novamente e lembrou-se daquele de quem nunca devia ter se esquecido.

-Meu Deus, minha única esperança! Jesus conserve meu filho. Se estiver morto, ressuscite-o como fez com Lázaro, aquele seu amigo de Betânia. Salve meu filho! Eu cuidarei dele com o maior carinho.

Em seguida desfaleceu. Só acordou horas depois quando já repousava em seu quarto. Artur estava ao seu lado, e a babá carregava a pequena Gislana, impaciente pela mamadeira que tardava, Maria Flávia pôde esperar a saída da empregada para abraçar o esposo e pedir-lhe perdão. Entre lágrimas e soluços desabafou.

-Perdão, amor, pela loucura que quase pratiquei...

O marido permanecia confuso.

-Por que, meu bem, por quê?

-Perdão por ter escondido tudo. Você não calcula o quanto sofri nesses dois meses. Estava grávida, e não me conformava... Gislana tem apenas 5 meses!

-Por que não me contou, não pediu me opinião?

-Planejava ver-me livre, pois não conseguia aceitar a idéia de um novo filho agora. Justamente agora que voltei a estudar, e já sonhava com aquele curso de mestrado. Quando vir meus sonhos defeitos, pensei na pior solução que poderia ter procurado. Descobri aquela clínica, aquela gente medonha...

-Bem, mas antes você disse quase...

-Sim, Artur – repetiu Maria Flávia entre soluços. Acho que salvei, em tempo, nosso filho. Deus olho para mim. Suspendi a operação quando me encontrava sob parte da anestesia. O resto você viu.

-E o “médico” não se opôs à sua reação?

-Não se opuseram porque o pagamento foi adiantado.

-Querida, você sempre me confiou tudo. Por que este segredo? Eu também quero esse filho. Vamos fazer tudo para salvá-lo. Nosso médico, O Dr. Fernando, já esteve aqui, quando você dormia. Voltará logo mais para conversar com você. Agora descanse. O repouso absoluto poderá resolver.

Pense que tudo acabou.

Artur passou as mãos pelos cabelos longos da esposa e ao beijá-la sentiu como estava trêmula e tensa.

Com muitos cuidados e bastante repouso, a gravidez de Maria Flávia chegou ao fim. A primavera tinha voltado, e os passarinhos, em bando, pousar no arvoredo do jardim. Maria Flávia ficava horas deitada na espreguiçadeira, entregue à meditação e à leitura. O trauma de um gesto impensado marcou-lhe a mente de forma aterradora. Nesses momentos de repouso, lembrava-se das palavras da tia Valéria, das cenas horríveis presenciadas naquela “clínica”.

Um dia, pensou em contar ao esposo como as palavras da tia a atormentavam. Artur procurou tranqüilizá-la, ponderando, no entanto, a sabedoria das palavras da velha tia.

-Tia Valéria é idosa, sem pouca instrução, mas nem por isso deixa de ter sua sabedoria. O aborto provocado, além de contrariar as leis de Deus e da natureza, e de estar sendo tratado por muitos, com certa leviandade, é crime: atentado contra o direito à vida, que toda pessoa tem. Por isso não pode ser praticado impunemente. Agora, esqueça. Tudo passou... Nosso filho vai nascer; é o que importa.

Ainda naquele setembro, veio à luz um lindo menino – Moisés. Talvez se lembrassem os pais de que o Moisés da Bíblia fora salva das águas, e aquela criança, de uma quase loucura.

Maria Flávia dispensou-lhe todo o carinho possível. Tinha agora um casal de filhos, no entanto, a preferência pelo menino era notada. O marido chegou até a censurar-lhe o procedimento, mas ela alegava que Gislana de nada podia se queixar. Era amada da mesma forma.

Certo dia, na hora do jantar, quando pela primeira vez as duas cadeirinhas foram colocadas junto à mesa, uma dramática lembrança quebrou, um instante, a alegria daquela hora, e Maria Flávia falou:

-Você esta aí meu filho, a cadeira não está vazia!

Depois abraçou-o e beijou-o, varias vezes, numa cena comovente e enternecedora. Moisés, porém, era ainda muito pequeno para entende o significado de tudo aquilo e agradecer a mãe por tê-lo deixado nascer.


Fim